A esquerda bobinha
Deve ter alguma errada entre Fernando Holiday ganhar uma eleição e a esquerda bobinha sair metralhando no discurso todos os pobres pela derrocada da esquerda. É o nosso pior complexo.
Há poucas certezas pós-momento de golpe. É quando se
abrem ou se fecham todos os rumos ou caminhos. Uma parte da esquerda mais
nacionalista prega unidade enquanto os divisionismos de egos disputam entre
flores e flechas no PT, PC do B e PSOL. Entre o trotskismo exacerbado, o
centralismo nacional-socialista para construção de um projeto popular, tem uma
esquerda bobinha que adora culpar os pobres.
Deve ter alguma errada entre Fernando Holiday ganhar uma
eleição e a esquerda bobinha sair metralhando no discurso todos os pobres pela
derrocada da esquerda. É o nosso pior complexo. É a síndrome de centro da
esquerda. O branco, estudioso e do campo mais avançado da sociedade, muitas
vezes filho das famílias de classe média, quando não das velhas e mais novas
elites, faz uma leitura mais metodologicamente abstrata e, num momento de ira e
de rasa leitura de conjuntura, culpa os pobres.
Não há a melhor leitura, mas a pior é, sobretudo, culpar
os pobres. Numa guinada conservadora de ataques aos direitos fundamentais, o
discurso da direita não é nem de longe agressivo como o da esquerda em relação
aos problemas práticos. Pois vejam vocês: quem, no auge de sua dor, entenderia
tantos academicismos terminológicos para entender que tem que comer daqui a
meia hora? Como disputar a consciência das pessoas falando que greve geral é o
caminho mais viável se a classe trabalhadora não é a mesma em todo o Brasil, e
muito menos é uma classe trabalhadora plenamente proletária, pautada pelos
princípios do produtivismo industrial, estado, muitas vezes, fragmentada,
isolada, precarizada e desorganizada? Como defender, ainda que com bons
argumentos, os melhores dirigentes republicanos que produzimos, sendo eles
pessoas que acreditam que transformando o centro, vamos implantar o socialismo
no Brasil, quando esquecemos de entender as reclamações diárias de quem
enfrenta o genocídio da juventude negra com raiva da polícia, mas não se
reconhece nessa esquerda. É uma esquerda bobinha, muitas vezes saudosa de 64,
que ainda não entende que o golpe de 2016 é coisa de gente mais profissional
que naquela época.
1 comentários:
São velhas raposas com muitos anos de experiencia e doutorado na academia da corrupção e falta de escrupulo
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